Sangiovese a rainha da Toscana
A
cepa sangiovese, juntamente com a barbera, é uma das mais difundidas em
território italiano, cobrindo cerca de 11% da área cultivada de norte a sul,
sendo a uva mais utilizada na Toscana.
É
a rainha dos vinhos tintos do centro da Itália, entrando na composição de
praticamente todos os vinhos tintos da Toscana, Umbria e Marche como vinhos
varietais ou em porcentagens diversas em vinhos de corte.
A
sangiovese está para a Itália assim como a cabernet sauvignon está para a
França, são vinhos que exprimem uma identidade vitivinícola de um país. (Giacomo Tachis)
Os
estudos ampelográficos indicam que a sangiovese tem origem na região dos
Apeninos entre a Toscana e a Romagna, a primeira citação é do século XVII de Giovanvettorio
Soderini no tratado “Coltivazione toscana delle viti e d’alcuni alberi” aonde
diz “o sangiocheto ou sangioveto é um vinhedo marcado pela sua produtividade
regular”.
Em
análise de DNA no início dos anos 2000 não foi identificado parentesco da
sangiovese com cepas selvagens toscanas, mas sim com a variedade ciliegiolo. Em
2007 alguns experimentos sugerem também algum parentesco com cepas da Calábria,
quais sejam nerello mascalese e Greco Nero di Cosenza. Em estudos de 2013 e
2014 confirma que a sangiovese era cultivada na Sicilia e Calabria, gerando as
variedades nerello mascalese, gaglioppo di Cirò e mantonicone
A
sangiovese, assim como a pinot noir, possui uma capacidade de mutação muito
grande, produzindo grande diversidade de clones. A ampelografia divide a
sangiovese em sangiovese grosso (também chamada de sangiovese forte e inganna
cane) inclui os clones Brunello (Brunello di Montalcino) e Prugnolo Gentili
(Vino Nobile di Montepulciano). E sangiovese Piccolo, também conhecida como
cordisco, morellino, sangioveto, sanvicetro, uva tosca e primutico, que inclui
os clones todi e morellino. Os diversos clones de sangiovese possuem nomes
específicos dependendo de onde são cultivados, o catálogo da Vivai Cooperativi
Rauscedo, no Friuli, apresenta 25 clones.
É
uma variedade de uva com maturação tardia, com ótima capacidade de adaptação em
diversos tipos de solos, preferindo terrenos com bom percentual de calcário,
aonde produz seus melhores aromas.É muito sensível ao mofo, anos chuvosos não
produzem grandes vinhos.
A
cor de seus vinhos é influenciada pelas técnicas de cultivo e condições
meteorológicas da safra. Normalmente possui capacidade colorante média,
mostrando cor vermelho rubi com transparência evidente. Em anos pouco
favoráveis ou grandes safras a transparência é acentuada e a cor possui
tonalidade mais clara.Com a evolução os vinhos de sangiovese passam a
tonalidade alaranjada.
Entre
os aromas dos vinhos de sangiovese prevalece o de frutas vermelhas e negras
como amarena, amora e ameixa, entre os aromas florais estão violeta e rosa,
outros aromas são groselha, morango, cereja, framboesa e mirtilo. Quando é
afinado em barricas de madeira os aromas remetem a especiarias como baunilha e
alcaçuz e aromas empireumáticos de tostado, café e chocolate, a intensidade
desses aromas depende de como o vinho foi afinado.
Para
a sangiovese grosso, devido ao maior tempo de afinamento, os aromas de frutas
frescas serão substituídos por aromas de geleia de frutas e frutas cozidas,
como geleia de amarena, geleia de amora e calda de ameixa e podemos esperar
notas de vegetais como tabaco, e com o tempo aromas de bosque, feno e
cogumelos. Em vinhos com longo período de afinamento, como vinhos reserva tanto
de sangiovese grosso como Piccolo pode-se sentir além dos aromas de geleias de
frutas, aromas de couro e pele, e aromas herbáceos como eucalipto, menta, e
tomilho.
Em
boca a principal característica perceptível é a acidez alta e também o conteúdo
de taninos, grande adstringência, suavizados em vinhos que passam por
afinamento em barrica. Com a adição de cabernet sauvignon os vinhos de
sangiovese ganham estrutura, com merlot ganham suavidade e canaiolo nero é
tradicionalmente e historicamente adicionado. A gradução alcoólica é variável
de moderada a alta, trazendo equilíbrio ente acidez e adstringência, ao vinho.
Hoje
na Itália a sangiovese é cultivada na Emilia Romagna, Lazio, Liguria,
Lombardia, Veneto, Abruzzo, Campania, Molise, Puglia, Calabria, Sicilia e
Sardegna, fora da Itália, levada por imigrantes ou plantada posteriormente é
encontrada em vinhos da Califórnia (Sonoma County a San Luis Obispo),
Argentina, Córsega (recebe o nome de nielluccio), Brasil, Uruguai, Chile e
Austrália.
Fonte
de dados:
Giovanvettorio Soderini, “Coltivazione toscana delle
viti e d’alcuni alberi” 1622
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